Teatro de Grupo

Teatro de Grupo

"1978 Em São Paulo, surgiam vários grupos de teatro com uma nova visão, calcada nas raízes do nosso povo. Com Márcio Aurélio, Alcides Nogueira Pinto, Elias Andreato, Edith Siqueira, Edélcio Mostaço e outros, participo da criação do grupo “Os Farsantes”, com o objetivo de criar espetáculos que apresentem um olhar crítico sobre a Cultura e História Brasileiras. Montamos “Tietê, Tietê”, “O Filho do Carcará” e  “Lua de Cetim”, dos quais participei como atriz, bailarina, cantora, pesquisadora (Semana de Arte Moderna, Revolução de 1932, Tropicalismo e Movimentos Políticos das décadas de 60 e 70), divulgadora e assistente de direção (“Lua de Cetim”)."

Os Farsantes

"Ao sair do União e Olho Vivo, fui para o grupo Os Farsantes, em fins de 1978, com a montagem da peça Tietê, Tietê. O grupo Os Farsantes era, dentro da minha perspectiva na época, um teatro burguês, mas um teatro burguês diferente. Não nos unimos com o intuito de ganhar dinheiro: tínhamos o intuito de sobreviver. Formávamos um grupo que pensava junto, e contávamos com o diretor Márcio Aurélio Pires de Almeida e o autor Alcides Nogueira Pinto (que fez três dos nossos espetáculos). Criamos um grupo eclético: pessoas que vinham do teatro popular, como eu, mas que tinham uma formação acadêmica, como o próprio diretor; pessoas que vinham do teatro do interior do Estado e que tinham uma formação popular e militante; e pessoas que estavam iniciando naquele momento. Fizemos um grupo que questionava a História do Brasil, agora do ponto de vista cultural e com alegria."

 

Tietê, Tietê

O espetáculo Tietê, Tietê tinha como referência dois marcos históricos: a Revolução de 32, envolvendo os tenentes - uma revolução que foi uma farsa para São Paulo - e a Semana de Arte Moderna de 22. Tínhamos um olhar crítico para a História do Brasil e falávamos, também, de Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Oswald de Andrade e Pagu Galvão, todos patrocinados por dona Emília Guedes 37 Penteado, personagem interpretado por mim: a patronesse, dona dos cafezais. A Semana de Arte de 22 só foi possível por ter sido financiada pelo dinheiro do cafezal paulistano. Nosso olhar, além de crítico, era brincalhão. O espetáculo trazia os personagens Macunaíma, Emília, Narizinho e Pedrinho aprisionando seus autores e pedindo liberdade. Havia ainda um Anjinho, que do alto, observava tudo e fazia comentários satíricos com a plateia. Nosso espetáculo era pitoresco: trazia a convivência entre criador e criatura e a revolta das criaturas.

Acesse a galeria: "Tietê, Tietê!" Galeria

 

1979 - "Tietê! Tietê!"

Autor: Alcides Nogueira Pinto

Diretor: Márcio Aurélio

Teatro Studio São Pedro

 

 

O Filho do Carcará

"Com Os Farsantes fizemos ainda O Filho do Carcará, em 1980, que também tratava da História recente: o que aconteceu com as pessoas que estiveram envolvidas nas guerrilhas ou na militância. Uns foram exilados, outros se filiaram aos Hare Krishna, outros se tornaram até o oposto, delatores. Nós montamos uma revista musical – com música ao vivo - falando da História recente do Brasil. Finalmente, tínhamos que pesquisar tudo isso para atuarmos dentro da perspectiva em que nos colocávamos. Não estávamos só observando à distância."

 

1980 - "O Filho do Carcará"

Autor: Alcides Nogueira Pinto

Diretor: Márcio Aurélio

Teatro FAAP

 

 

Lua de cetim

"De 1981 a 1984, participei de Lua de Cetim, de Alcides Nogueira Pinto, com direção de Marcio Aurélio, outro espetáculo ligado à recente História do Brasil. Mostrava duas possíveis trajetórias de militantes de esquerda, retratadas nas décadas de 60, 70 e 80: como viviam um estudante militante e sua companheira, como se dava o exílio e a opção pela militância no interior e como ficava a família dele nestes três momentos. Com o exilado que saía, quando voltava, o que acontecia? E o que acontecia com as pessoas que ficavam no Brasil? Um espetáculo que foi super premiado, por trazer uma visão bastante humana e cotidiana do que acontecia com uma família. Não mais uma revista com uma visão geral, mas um aprofundamento no que acontecia com as pessoas que eram filhas/filhos ou pais dessa época."

1981/83  - "Lua de Cetim"

Autor: Alcides Nogueira Pinto

Diretor: Márcio Aurélio

Sala Guiomar Novaes

Grupo Coisas Nossas

"Nunca me distanciei do teatro popular, no sentindo de estar fazendo atividades sêmicas ou educativas – criativas ou educativas – junto as populações das quais eu convivi, sendo indígenas, ribeirinhas, e depois em Goiás. Em Goiás criei junto com atores da cidade um grupo de teatro popular que chama-se então o "Grupo de Teatro Coisas Nossas" que dai entra essa segunda fase do teatro popular, já numa outra perspectiva, com artistas populares da cidade, eles eram desprezados eram esquecidos, então nós fizemos um grupo de teatro onde essas pessoas, sábios e já idosos, começamos acho quando eles tinham 75 anos - eles morreram, os dois mais importantes, Dona Benta e Seu Ico, morreram com 80 anos e com uma separação de seis meses entre um e outro -  então, nesse segundo movimento do teatro popular foi como trazer para cena de volta e reconhecidos pela cidade artistas que desde criança faziam teatro nos quintais, que eram super criativos, super atores, super improvisadores, cômicos e ai a peça “A empregada” mostra tudo isso, essa veia de improviso e humorística que introduz pessoas amigas como a Cristina Campos uma grande professora, diretora, cantora parceira, uma outra amiga que nunca tinha feito teatro e que era caixa de supermercado a Giovania, a Marieta. Marieta era como a mais nova dos idosos, que hoje está com 87 anos - e hoje essa noite exatamente eu estava lendo as historias da Benta, dela quando criança, que eles conviveram, a Benta era como a protetora da Marieta quando criança e foi pelas mãos da Benta que a Marieta entrou no grupo de teatro “Coisas Nossas”."

 

Direção: Maria Julia Pascali
Apoio técnico: Sebastião Nei Rodrigues
Elenco: Teodorico  Pereira - Seu Ico - Nicolau, Viúvo  e Gafanhoto
Benta Verônica de Barros - Dona Benta - Dona Safena, Mãe da Maricota, Patroa e Cozinheira
Marieta de Souza Amaral - Mãe de Iracema, Maricota e Gafanhoto
Marta de Oliveira Lobo - Vizinha da Maricota e Gafanhoto
Maria Cristina Campos - Empregada Rosinha e Gafanhoto
Giovania Melo - Iracema, Empregada e Gafanhoto
Sebastião Nei Rodrigues - O Primo e Gafanhoto
Tadeu Lucena da Costa -  Mensageiro, Criado e Gafanhoto
Luna Coriandre - Margarida e Gafanhoto

 

Dona Benta e Seu Ico brilham no céu e no palco. Aqui junto com Marieta Amaral, Cristina Campos e Giovania Teles apresentam a comédia "A Empregada" com histórias criadas por eles mesmos durante os encontros do Grupo Coisas Nossas, do qual, no inicio, no anos de 1998, participava também Safia. A direção é de Julia Pascali. As imagens foram captadas por uma alma boa a quem agradecemos. Teatro de Pirenópolis (GO), 2001.

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Filme realizado com artistas populares de Pirenópolis, totalmente idealizado por Seu Ico, contando a história que deu origem à romaria tradicional ao Muquém, em Goiás. Esta foi uma experiência de Cinema Comunitário, dirigida por Julia Pascali, com os atores do Grupo Coisas Nossas e amigos de todas as idades. Seu Ico fez questão de interpretar dois personagens. Dois outros destaques são as participações de Dona Benta e Marieta Amaral, reconhecidas artistas de Pirenópolis, 2002/2003.