Indígena
De 1985 a 89, o projeto de pesquisa Rio Doze proporcionou um mergulho às tribos brasileiras, numa pesquisa de gestualidade, coreografia e cantos, reforçando o sentido performático dos trabalhos e promovendo um salto da visão da representação para a de proposição. O Teatro em sentido restrito, de evento, passa Teatro enquanto campo de conhecimento, aplicado às artes integradas e participativas, experimentando a expressão múltipla de potencialidades, interações e incontáveis visões de mundo.
Assimilando este processo, em harmonia com a Natureza e o Cosmos, transformou a maneira de entender, interpretar e relacionar-se com o teatro, a dança, a mímica, as palavras, os sons e a música, bem como com os companheiros de trabalho, a plateia e o processo de criação.
“Me deparei com a força da ancestralidade da raça humana e com o caráter harmônico, expansivo e espontâneo da criatividade. Passei a perceber as palavras como música e, desde então, me dediquei a escrever desde poemas, ensaios, até peças de teatro infantil e adulto, bem como adaptações teatrais, algumas traduções e muitos roteiros de teatro-dança, abordando o texto de maneira poética, com música ao vivo e improvisos. O espetáculo Transpiração, e o workshop Sincronicidade e Expressão, difundiram-se entre atores, bailarinos e estudantes, em vários estados brasileiros e também no exterior”.
Rio Doze
Sob os auspícios do INACEN-MINC, Julia buscou nas tribos indígenas o sentido de necessidade e profundidade do ato teatral. Conviveu com os grupos Nambiquara, Enauenê-Nauê, Minky, Irantxe, Pareci e Kaiapó, onde compartilhou da vida nas tribos, aprendeu a dançar nos seus rituais e a impregnar-me das energias dos rios, montanhas, vales, cachoeiras, céu, estrelas, sol e chuva.
Nambiquara - Sabedoria Indígena
"Procurando vivenciar as raízes - minhas e do Brasil - mergulhei na vivência com a nação Nambiquara, a partir de fevereiro de 1985. Toda uma nova possibilidade de ser e estar ganhou minha vida e expressão para sempre."
Climas Da Aldeia Nambiquara
"Registro em áudio e imagens do tratamento do fumo, visitando a aldeia Nambiquara, em 1985."
Cantos Indígenas
Registros em áudio; cantos e rituais Xikrin do Bacajá (1989), Enauenê Nauê (Vídeo nas Aldeias, 1993) e Nambiquara (1985/1986). "ouvir..."
https://sincronicidadexpressao.com.br/sincronicidade/saberes/indigena/cantos-indigenas/
"Transpiração" nos Enauenê Nauê
"Esta foi a primeira criação cênica após minha vivência com os Índios Nambiquara, no sul de Rondônia, em 1985. Mergulhei no mundo da performance, do improviso, das linguagens múltiplas, onde mímica, dança, corpo, música e poesia navegam num mesmo barco. Os músicos Caito Marcondes e Reyes Gil apostaram na viagem. O cenário, no palco da Arena do Centro Cultural Vergueiro, em São Paulo, recebeu 3 toneladas de areia, três pedras, um espelho e a tartaruga Chimbica, minha parceira de cena. Iolanda Huzac fotografou os ensaios, Juçara Moraes na direção e Beto Martins na preparação corporal."
Julia Pascali, dançando em 1986, acompanhada por flautas Enauenê-Nauê, fotografada por Vicente Cañas.
Galeria - Vicente Canãs 1986
Visita a Sahu Apé
"Visita a aldeia Sahu Apé dos Sateré Maué. O registro dos momentos que compartilhou envolve a fármacia de Sahu, filho de Dona Baku, a Pajé, as crianças e a cultura para os visitantes e dona Baku fazendo colar. A aldeia Sahu Apé fica às margens do Rio Ariaú, a 27 km de Manaus, no estado do Amazonas, Brasil."
Visita ao Parque das Tribos
"Pelas mãos e à convite de Luis Davi Vieira Gonçalves, ator, diretor, professor doutor, ex-aluno e parceiro, cheguei ao Parque das Tribos, nas cercanias de Manaus, para visita e apresentação de 'Verde Minha Terra'. Fui recebida pelo vice-cacique Joilson, sua família e outros integrantes da grande aldeia. Os moradores deste Parque vem de 32 diferentes grupos indígenas. O Rio Negro e a Língua Geral une as diferentes culturas. Uma nova comunidade, cujos cacique e vice-cacique são de etnias diferentes, se estabelece revelando uma imensa capacidade de solidariedade, integração e vida comunitária criativa. Um exemplo a ser contemplado e seguido por todos nesta Nova Era." 2017
Samuel Karajá
"Em 2005, registrei, nos moldes de entrevista, preciosas informações deste cacique (à época) Karajá. Ele nos fala com alma, clareza, seriedade e simplicidade. Como um sonhador ele conta e canta; a origem dos povos, o respeito aos antepassados, a comunicação dos pajés com o mundo invisível, a importante missão dos pajés, sua saída da aldeia para estudar e entender o mundo que explorava seu povo, a presença de Aruanã (espíritos) no cerrado, nos rios, nas pedras e a harmonia do universo, sua entrada no filme, sua formação como advogado, sua missão de construir e unir os povos, e os saberes dos cientistas da aldeia sobre o espaço, as profundezas da terra e as plantas." "ler transcrição..."
"Índio Sabido Sim" Livro e Audiolivro
"Histórias que vivi e ouvi junto ao povo Nambiquara, entre 1985 e 1987. Já faz alguns anos que carrego um montão de histórias sobre e dos índios Nambiquara. E sempre fui mostrando por aí, contando para um e para outro, tentando sensibilizar as almas urbanas para a sabedoria que estas histórias poderiam despertar em nós, abrindo nosso espirito para aprender, respeitar e conviver com o que é diferente.
Assim, eu, que sempre trabalhei contando histórias através do teatro, da dança, do cinema e do radio, virei contadora de histórias, com escola na tradição oral.
Dessa maneira, reunindo saberes e dizeres, anotações, lembranças e invenções cheguei aqui com esse registro.
E como quem conta um conto sempre aumenta um ponto, peço a benção do meu poeta-padrinho Manoel de Barros e licença para fazer saltar da minha história as histórias dos amigos Nambiquara." "ouvir..."
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Purutuia
"Depois de conviver com vários grupos indígenas brasileiros do Mato Grosso e Rondônia, fazendo uma pesquisa de gestualidade e mitologia, acabei sendo convidada para fazer a preparação corporal, gestualidade e coreografia indígenas do filme "At Playing in the Fields of the Lord" ("Brincando nos Campos do Senhor"), dirigido por Hector Babenko, em l990. Neste trabalho, convivendo com parentes de várias tribos e trabalhando criativamente, acabei aprofundando e ampliando minha visão do Universo Indígena. Aproveitando o fato de estarmos juntos, convidei três companheiros para criarmos um espetáculo de Teatro-Dança: Samuel Karajá, João Terena e Carlos Xavante." "ler mais..."
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